Mesmo antes de engravidar, para mim duas coisas pareciam bastante óbvias e naturais: o parto normal era o melhor para mãe e bebê e a amamentação exclusiva era o melhor também para ambos. Só ao longo da gravidez é que eu fui entendendo que nenhuma das duas coisas eram tão óbvias assim hoje em dia.
A minha irmã tinha tido problemas no início da amamentação da minha sobrinha: seios rachados, pega incorreta. Lembro-me dela amamentar chorando de dor. Ela teve apoio, do projeto Casulo, lá em São José dos Campos, e amamentou a Juju até mais de um ano.
Como eu tinha medo das rachaduras, eu me preocupei com o que eu achava que era necessário para a preparação do seio: bucha vegetal, sol de vez em quando etc.
Por sorte, eu tive um parto normal e o Rodrigo veio mamar em seguida. Ele não pareceu se interessar muito, só ficava dando umas lambidinhas curiosas e me olhando com aqueles olhões que ele tem…
Optamos por alojamento conjunto, mas mesmo assim o Rodrigo – que nasceu às 10h da noite – só voltou pro quarto no outro dia, por volta das 6h da manhã. Todas as vezes que ele chorava, eu o pegava no colo e oferecia o peito. Mas como o meu seio é super plano, ele não encontrava o bico e ficava reclamando. Ou então, se uma enfermeira me ajudava a fazer uma “prega” para facilitar a pega, ele mamava um bocadinho e logo dormia de novo…
Na sexta-feira teve uma coisa engraçada, porque eu estava meio grogue de sono, cansaço e provavelmente da anestesia e entrou um pediatra novinho para me avisar que estava tudo bem com o Rodrigo e que ele tinha deixado uma receita de Nan caso fosse necessário. Eu não lembro direito do que respondi, mas acho que fui muito irônica porque ele ficou bem sem jeito, disse que era só por precaução e saiu rapidinho…
O Rô nasceu na quinta e o meu leite desceu com tudo mesmo no sábado à noite. Aliás, um show de horror esse sábado. A gente inventou de dar as primeiras vacinas ainda na maternidade e o Rê ficou febril da reação (que eles garantiram que não ia acontecer). Aí, os meus seios duros de leite, doendo muito, e o Rô não conseguia mamar…No meio de tudo isso, entra uma enfermeira me dizendo que o Rodrigo está febril porque eu fechei as janelas e o quarto estava abafado, e que ela vai levá-lo pro berçário para dar Nan senão ele vai desidratar! Nem é difícil imaginar o que aconteceu, né? Chorei um tempão, super preocupada e super chateada, vendo ele tomando Nan no copinho enquanto eu fazia compressas geladas para melhorar a dor no seio. Que raiva!
No outro dia, antes de eu sair do hospital, as enfermeiras me recomendaram comprar um intermediário de silicone, para facilitar a pega. Com medo de ver a amamentação ir por água abaixo, foi o que fiz. O Rodrigo parecia pegar melhor mesmo e eu via a boquinha dele cheia de leite.
Aí, primeira visita à pediatra e o menino tinha ganhado pouco peso. Mas a pediatra disse que tudo bem, que era normal, que eu não deveria me preocupar. Ela viu o Rô mamando, achou que a pega estava boa e tudo bem.
Só que o Rodrigo chorava muuuito, de dia e de noite. E quando mamava, ficava 40 minutos em cada peito.
Segunda visita à pediatra e ele continuava engordando pouco. Ainda bem que ela era tranquila, e me disse para não desistir, ficar tranquila, beber água e me livrar do intermediário. E aí entra um apoio fundamental: minha mãe, que tinha vindo passar uma semana comigo e com toda a paciência do mundo com minhas inseguranças e hormônios-descontrol me ajudou a acertar a pega. Resultado? Rodrigo passou a mamar em no máximo vinte minutos, dormia muito e começou a engordar num ritmo absurdo…
Esse foi o primeiro desafio. Depois vieram outros, como as crises com os períodos em que aumentava muito a demanda dele – porque ele estava em crise de crescimento, porque a rotina tinha mudado, porque ele me queria por perto… Algumas vezes eu quase desisti. E aí entra outro apoio fundamental, que foi a lista Materna. Na lista, encontrei principalmente “escuta” e respostas que me ajudavam a compreender melhor o que estava acontecendo, a pôr em perspectiva o momento de crise em relação a todo o processo de amamentação, enfim, a reencontrar tranquilidade para segurar a onda e decidir com mais informações.
Não tenho dúvidas de que esses apoios foram essenciais, tanto no início quanto depois, para possibilitar uma experiência tranquila de amamamentação. Hoje o Rodrigo está com 2 anos e 9 meses, e ainda mama de vez em quando.